sábado, 15 de setembro de 2018

Dauphine e Gordini - detalhes que até hoje surpreendem - III

Os Dauphines/Gordinis são simples, na essência, mas os engenheiros deram os braços aos designers quando decidiram "dar à luz" ao simpático carrinho. Ou seja, não bastava um carro ser bem construído tecnicamente se visualmente ele não cativasse. A indústria automobilística coleciona inúmeros casos de projetos bem concebidos com resultados desastrosos.  Em alguns casos a culpa é do marketing deficiente, mas às vezes é dos desenhistas, que não conseguiam "vestir" o produto de uma forma que o consumidor desejasse muito possui-lo.
Quando o Ford Corcel foi lançado no Brasil, em 1968, ele era o resultado de um projeto genuinamente  Renault, com "pitadas Ford" e estilo ao gosto do brasileiro. Visualmente ele foi mais bem sucedido que modelo R12 lançado na França e em diversos países. Na mesma época a Volkswagen lançou o sedan 1600 4 portas (e que o mercado logo apelidou de "Zé-do-Caixão"), mas a marca alemã apregoava uma "beleza" que o modelo definitivamente não possuía. Deveriam ter insistido em suas qualidades mecânicas, mas como convencer os consumidores que carro com 4 portas era "seguro", se ela vivia dizendo o contrário até 1968, quando os últimos Gordinis foram produzidos em nosso país? 
Curiosamente, só o Gordini possuía travas ocultas nas portas traseiras...

MACACO DO GORDINI
Pesquisando aqui e ali na internet e em inúmeras revistas, finalmente consegui obter nada menos que 3 fotos do "macaco original" do Gordini em seu nicho, no cofre do motor.
Em algumas fotos do meu rico acervo, há diversos tipos de macaco ("sanfona" e até "jacaré"), mas que não são os originais de fábrica.
Se você está restaurando um Dauphine ou Gordini e pretende manter o máximo de originalidade possível, encontrará na foto acima e nas duas fotos abaixo uma boa referência quando for garimpar na internet e nos ferros-velhos em busca de um:
XIIII.... A BATERIA ARRIOU...
O carrinho foi concebido na Europa e no inverno as temperaturas normalmente despencam abaixo de zero. Com isso as baterias tendiam a descarregar mais depressa. Para que as pessoas não tivessem que empurrar os carros pelas ruas (nem sempre isso é possível), existe a opção de se dar a partida com auxílio de uma manivela. Essa manivela fica alojada na parede corta-fogo do porta-malas, na direção do painel de instrumentos. 
No para-choque traseiro há um furinho na parte central justamente para que a manivela seja inserida e encaixe direto no motor de arranque.
No youtube há um filminho mostrando como se faz para dar a partida num Gordini com o uso de manivela:https://www.youtube.com/watch?v=YX0veTTqHUo
PROTETORES DE FAROL
O Brasil de 60 anos atrás não tinha tantas rodovias asfaltadas, e nas cidades menores predominava o chão de terra batido ou de areia e cascalho. Nas cidades grandes, nas ruas mais próximas ao centro, o paralelepípedo era a "última moda". Assim, era alta a probabilidade de que uma pedrinha ou um objeto qualquer da rua fosse lançado nos faróis do seu carro pelo deslocamento do veículo à frente. Para proteger seu "patrimônio" havia um interessante acessório, muito usado pelos Fuscas e Kombis, mas que "faziam bonito" nos Dauphines e Gordinis: os protetores de farol - que podiam ser em aço inox ou outro metal com revestimento cromado. 
Até que davam um aspecto de "carro de rallye" bem interessante ao sedanzinho, não?

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Um comentário:

  1. Gostei do detalhe do macaco na caixa do motor. O caro da foto número 7 é o meu.

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