segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

UM BREVE RELATO DA FAMÍLIA DAUPHINE/GORDINI/1093 E TEIMOSO - 1959/1968 (PARTE 2)

Parte 2
ESPORTIVO 1093


Em 1964 foi lançada uma versão esportiva do Gordini, que recebeu o nome “1093”. 
Ele tinha a mesma carroceria monobloco do Gordini e a mesma capacidade volumétrica de 845 cm3. Há quem pense, até hoje, que a sigla 1093 se refira à capacidade volumétrica do motor...

A suspensão traseira foi rebaixada, para melhorar a estabilidade, e as rodas eram calçadas com pneus radiais, da Pirelli. 
A adoção de dupla carburação, novos coletores de admissão e escapamentos especiais (menos restritivos) mais uma taxa de compressão elevada (9:1) – que exigia o uso de gasolina azul – aumentaram a potência do valente motor para 53 cavalos. 
O painel exibia um conta-giros de dimensões generosas, artigo raro naquela época, e a carroceria era oferecida na reluzente cor metálica dourada. Ao todo foram produzidas 721 unidades desse modelo.

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Até agora, identifiquei apenas 5 exemplares sobreviventes: placas ABL 1967, FCM 1093, GKR 1093, KSM 1965 e MAH 9093

Última atualização em: 1º de fevereiro de 2016


TEIMOSO

Ao longo de 21 dias e durante 24 horas, uma equipe de 10 pilotos (recrutada pela Willys e chefiada por Luís Antônio Greco) se revezou ao volante de um Gordini no autódromo de Interlagos. Ao final da exaustiva prova, foram quebrados 133 recordes em 51.233 km, percorridos a uma velocidade média de 97 km/h
Em determinada volta, o exemplar dirigido por Bird Clemente capotou. O carro foi desvirado e, após 3 horas de marteladas para retirar os amassados, voltou à pista sem maiores problemas mecânicos, vindo daí o nome "Teimoso". 

O TEIMOSO acabou se tornando a versão “popular” do Gordini, para atender um programa do governo federal de incremento na produção e vendas da indústria automobilística. 

É que, com a derrubada do presidente João Goulart (em 31/03/1964), o Brasil experimentou um longo período de recessão e os automóveis acumulavam-se nos pátios das fábricas. 

A ideia do governo: oferecer financiamento de 4 anos pela Caixa Econômica Federal, com juros subsidiados de apenas 1% ao mês, mas apenas para os modelos mais baratos. 
A proposta envolvia a simplificação dos carros para se obter o menor preço acessível, mas sem a adoção de motores menos potentes (talvez porque não houvesse mais o que retirar do Fusca 1200 cm3 - 30 cv - ou dos 845 cm3 e 32 cv do Gordini, por exemplo). 

Cada fabricante nacional arregaçou as mangas e, assim, o mercado teve acesso aos despojados VW Fusca “Pé-de-Boi”, o DKW “Pracinha”, o Simca “Profissional” e o Willys “Teimoso”. Era um quarteto desprovido de itens de acabamento, conforto e até de segurança, que faria qualquer dono de modelo 1.0 atual se sentir “por cima”. 

O TEIMOSO custava 60% do Gordini, mas sacrificava a segurança, a estética e o conforto, com discutível economia de escala. Ele não tinha lanternas traseiras (apenas a luz de placa com uma seção em vermelho, que supria as luzes de posição e de freio), nem calotas ou cromado nos para-choques e nos aros dos faróis. Também não tinha os piscas dianteiros e sobrou apenas um limpador do para-brisa. Nada de tampa no porta-luvas, nem marcadores de temperatura e combustível, ou afogador automático do carburador, trava de direção e iluminação interna. Nenhum revestimento interno (nem no teto) ou revestimentos acústicos. Imaginem a “escola-de-samba” na cabine, em dia de chuva. Os bancos resumiam-se a “esqueletos” recobertos por uma simplória napa (nas cores preta ou vermelha), mas que assegurava relativo conforto. A carroceria era oferecida nas cores cinza ou marrom, com os para-choques pintados de cinza fosco (assim como as rodas).
Abaixo, as peças suprimidas do Gordini:
 

A outra vantagem do Teimoso em relação ao Gordini (além do preço menor) é que tinha um desempenho superior e era mais econômico - afinal, ele pesava 70 Kg a menos...

Em 1966 foi lançado o TEIMOSO II, que recebeu novos tensores e buchas superdimensionados, ganhando em dirigibilidade. 
Mas esse "Gordini despojado" não agradou ao mercado (assim como os outros 3 rivais “populares”), razão pela qual saiu de linha nesse mesmo ano.

O projeto M, que era desenvolvido em conjunto com a Renault, e que na França deu origem ao R12, então em fase avançada, foi concluído sob o controle da Ford. Dele resultou, em fins de 1968, o CORCEL. Nesse ano o Gordini deu adeus. Ao todo foram produzidas 8.967 unidades do Teimoso.

Até agora, identifiquei apenas 6 exemplares sobreviventes: placas CIP 6839, CZO 1966, FJO 1966, FPJ 1966, GQB 8271 e LDQ 0576.

Última atualização em: 1º de fevereiro de 2016 


Produção acumulada dos 4 modelos:

Dauphine (1959 a 1964) = 23.887 unidades
Gordini (1962 a 1968) = 41.052 unidades
1093 (1964 e 1965) = 721 unidades
Teimoso I e II (1965 e 1966) = 8.967 unidades.

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