Paixões à parte, quando se pensa num Dauphine ou um Gordini, muitos pensamentos vêm à mente: "estiloso", "rodar macio", "econômico"... e também "delicado".
Essa delicadeza dizia menos respeito às linhas equilibradas e graciosas e mais ao fato de o carrinho ser mais frágil e menos robusto que o rival VW Fusca.
Concebido para ruas europeias e clima menos severo que o nosso tropical, aqui o Dauphine e o Gordini penaram nas ruas de paralelepípedo e de terra, e no pouco asfalto que encontraram nos anos 60.
Os brasileiros também não são muito chegados a fazer manutenção preventiva, e no caso dos Dauphine/Gordini, deixavam de lado coisas simples, como calibrar corretamente os pneus (conforme o recomendado pela fábrica, 13 libras nos pneus dianteiros e 18 libras nos traseiros). Muitos acidentes e "sustos" ocorreram por culpa de pneus descalibrados.
Numa época em que os radiadores não eram selados, era recomendável conferir-se diariamente o nível da água do motor. Às vezes uma mangueira rachada ou uma tampa com defeito impediam a correta pressurização do sistema de refrigeração. Quando os painéis ao lado do radiador estragavam, alguns mecânicos simplesmente os removiam. Com isso, o ar fresco que entrava pelas grelhas das portas traseiras não era canalizado para o radiador e "fugia" para o cofre traseiro, o que favorecia o superaquecimento.
Muitos proprietários e mecânicos usavam qualquer água para abastecer o radiador (e nunca se lembravam de esgotar o sistema para retirar a sujeira acumulada por meses). Com o tempo a sujeira acumulada acabava entupindo as varetas internas do radiador ...
Suportando um calor de lascar, engarrafamentos e manutenção deficiente, os carrinhos mal cuidados tendiam ao superaquecimento e desgastavam precocemente suspensões, freios ou embreagem pela manutenção deficiente desses componentes.
Quando vemos fotos de um Dauphine ou de um Gordini numa pista de corrida, como o modelo ao lado, nossa primeira reação é sorrir e depois imaginar as inúmeras modificações mecânicas escondidas sob a carroceria.
Com certeza os carrinhos recebem reforços estruturais para suportar os (muitos) cavalos-extras de mecânicas mais modernas, transmissões mais robustas, freios mais eficientes, pneus mais largos e esportivos e toda sorte de melhoramentos que os modelos originais sequer sonhavam - afinal, não foram projetados para serem "velozes e furiosos".
Confira abaixo uma seleção de Dauphines e Gordinis desenvolvidos para as pistas:
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